Solitário Inconsciente Coletivo

Monday, January 30, 2006

Momento SouFrida

Deitada na cama, o único músculo que conseguia mexer era o coração, por que esse era involuntário e isso não resultaria em qualquer movimento da costa, toda a coluna, parte central do corpo, a que segura, a que equilibra, estava abalada. O diagnóstico? Muitos talvez, talvez isso, talvez aquilo, sim ela era uma paciente cheia de talvez e com um histórico bastante complexo, não tão complexo quanto a ordem de “Fique deitada”.

Sem nada pra fazer, a não ser pensar em si mesma e no mundo que a cerca, resolveu dar um tom um pouco menos humilhante a sua reclusão, pensou que naquele momento, diante de tantas limitações, poderia ver a vida de uma outra ótica, então chegou à conclusão que aquele era o mundo de Frida.

Sim, naquele momento ela se sentia Frida Kahlo! Ambas já estiveram reclusas numa cama com muitas dores, ambas eram apaixonadas por pessoas, feias, porém competentes na profissão, sim, ela percebia que isso era afrodisíaco, admiração é sinônimo de tesão, tanto pra uma quanto pra outra, se sentiu amiga de infância, confidente, cúmplice, imaginou as duas em camas lado a lado se questionando como duas mulheres inteligentes, conseguiam ignorar todo um histórico lógico e se apaixonar por homens idiotas emocionalmente, e se viu assim como Frida presa a uma cama pela dor e limitação física e presas a um amor que nasceu pra que elas morressem.

Enquanto ela estava deitada, tendo apenas o teto como paisagem, pensou o quanto as duas teriam coisas a repartir, que ela provavelmente pintaria o quadro dos macacos, e que provavelmente iria sugerir menos simbolismo em algumas obras pois a complexidade das mensagens as tornava incompreendidas, e também uma depilação entre as sobrancelhas.

P.S 1: Obrigada a todos que ligaram, visitaram pensaram e de alguma forma acabaram com meu momento Frida! Valeu, espero nunca mais precisar disso kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

P.S2: Pessoa, eu te amo.

P.S3: E, A nova loura do Tchan é linda deixa ela entrar, é liiiiiiiiiiiiiiiiiinda, essa é a minha música atualmente!

Tuesday, January 17, 2006

Dona Alfreda Contra Ataca

Pergunta: Dona Alfreda tenho um problema todos os meus relacionamentos são desastrosos, quer dizer não tão desastrosos, eles começam bem, o primeiro tempo é cheio de lances lindos, a platéia aplaudindo as vezes até gol de placa rola, depois começa a embolar o meio de campo, a zaga se arma, confusão por conta das faltas, uma chuva de cartões amarelos e antes do apito final sempre ocorrem 2 ou três cartões vermelhos!

C.B.F., 32 anos, Jornalista esportiva
Dona Alfreda: Primeiro, Olá minhas crianças que a tanto tempo eu não encontrava, por que essa vaca dona do blog não me chamava (será que ela vai ler isso?). Segundo, quer dizer o que devia vir primeiro, a resposta da maninha aí em cima, é assim mesmo no campeonato da vida, tem que ter muitas partidas, pra vê qual é o melhor, sem competição não há vencedores, sem vencedores sem comparação, é preciso jogar pra ganhar, e ganhar é o que todo mundo quer (esqueçam que o principal é competir).

Quanto ao tipo de jogo que tu estás jogando tem uma coisa, não te empolga muito quando o jogo começar muito bonito, sabe por que? É quase certo que eles vão cansar no meio e aí tu já sabes, é melhor time que joga certinho, passe certo, técnica apurada, bom entrosamento, afinal, drible sem gol não ganha campeonato e só serve pra se mostrar, e relacionamento bom é a dois e não a dois mil! Quando tu perceberes que a zaga ta começando a fechar e o jogo tá muito recuado é hora de prestar a atenção com as faltas, tanto com as que está recebendo quanto com as que tu estás fazendo, até por que a regra é clara, dois cartões amarelos valem um vermelho e quatro cartões vermelhos acabam a partida, então se tu achas que vale muito mais do que os 90 regulamentar, não te afoba, manda essa zaga proteger na manhota, observa a tática do adversário por que nesse tipo de partida o importante mesmo é empatar pra ganhar.
P.S1 : Dona Alafreda vaca é a @$#%! A senhora sai de férias numa excursão da melhor idade pra conhecer “As maravilhas do nordeste” fica incomunicável e eu que sou a vaca? Vou comentar esse ato agressivo com seu geriatra. E a propósito, eu não sabia que a senhora entendia tanto de futebol assim!

P.S2: Coração Quebrado Remendado, não consigo pensar em nada é só pensar que preciso pensar que puft, tudo some do pensamento.
P.S3: Marido eu ignoro o conselho dessa velha e boto aqui pra todo mundo ver EU TE AMO kkkkkkkkkkkk
P.S4: Dona Alfreda, por que nossa relação está tão cheia de xingamentos? vamos fazer as pazes, prometo levar uma caixa de biscoitos, a senhora faz um chá e a gente conversa a tarde inteira tá? lindona heim ;)
P.S5: Dona Alfreda acabou de me dizer que concorda com encontro, que está tudo bem entre nós, que ela me adora e que teve ajuda do Juvenal, seu marido, sobre futebol e que da próxima vez ela vai falar é de crochê! afinal é tudo enrolado mesmo só muda o ponto e o comprimento das peças.
P.S6: Nooooooooossaaaaaaaa quanto P.Ss nesse post

Thursday, January 12, 2006

Sapatos para a Vida (Desliga o msn e leia o conto do S&R, Letras!)

No perfil do orkut ela se descrevia assim “Sou um salto 15 em um sapato bico fino, posso ser charmosa, elegante e fundamental ou um desastre, apocalíptica, isso vai depender da pessoa e do local”. Aurélia tinha muitas coisas como: trinta e poucos anos, inteligência, sensualidade, cultura e blá, blá, blá, mas o que ela mais tinha sem sombra de dúvidas eram pares de sapato, passavam de 100 na ultima contagem. O que faltava? Um namorado, o motivo? Seus amigays poderiam citar 23, todos em ordem alfabética, mas segundo ela o que realmente influenciava sua solteirice, era a eterna busca do “sapato perfeito”. Essa sem sombra de dúvida não era uma justificativa comum, por isso ela fazia questão de explicar que tudo se resumia a uma frase “Me diz o que calças e direi quem és”. Isso para ela, era algo quase bíblico, todos aqueles que não fossem dignos, jamais alcançariam o paraíso, que ela havia cuidado muito bem durante sua vida. Ela era seu próprio São Pedro, às portas do céu, acolhendo os bem aventurados e mandando os ímpios para o limbo.

Essa mania de tentar desvendar a personalidade por trás da escolha do sapato começou com uma simples brincadeira, ela e seus amigays adoravam fazer seções de filmes pornôs protagonizados por rapazes de fino trato, por dois grandes motivos: um, eles adoravam a combinação XY, barriga tanquinho, bíceps trabalhado. Dois, ela adorava vê-los sempre de sapatos, porque aconteça o que acontecer, em todo pornô gay que se preze os homens sempre trepam com sapatos. A brincadeira era o seguinte, quando o casal aparecia na tela, eles davam pause - claro, até por que se eles fossem fazer isso no tempo em que os atores se encontram e começam a transar, só teriam míseros 4 segundos, a brincadeira perderia a graça e a câmera ia demorar muito para focalizar os pés de novo, daí já ia ser tarde para advinhar quem fazia o quê. Então, ela tinha de deduzir pelo sapato quem seria ativo, passivo ou se lá estava representado um casal de versáteis, e não é que ela sempre acertava?

Um exemplo eram os tênis. Se a cena era num banheiro de academia, ou na sala de academia ou em qualquer parte de academia, obviamente eles estariam de tênis, segundo ela tênis menos colorido sugeria um comportamento mais discreto, até introspectivo talvez o que acarretaria numa posição mais tranqüila, ele talvez estivesse mais disposto a receber “cores” em sua vida, enquanto o tênis muito colorido, além de indicar liberdade, sugere uma atitude agressiva de imposição, mas é preciso prestar atenção, quando os dois estavam com sapatos muito coloridos, outros detalhes deveriam ser considerados ou ali poderia estar incluída a tal da versatilidade. Detalhes mínimos como forma de amarrar e trançar o cadarço, quanto menos elaborada, mais preguiçoso, logo mais passivo. Bico arredondado poderia sugerir uma vontade de ter formas arredondadas pela frente, logo, ativo. Só teve uma vez que ela se recusou a dar seu parecer, foi durante um filme nacional – é notório que a pornografia nacional não é de boa qualidade. Porém, não foi à qualidade do filme o problema, mas um ator. Na primeira, que seria protagonizada por um rapaz loirinho e um homem mais velho meio careca. O que a deixou escandalizada foi o careca, afinal, ele tinha os dotes físicos perfeitos e a barba um pouco rala do jeito que Aurélia gosta, mas ao olhar para os pés, ela viu um pavoroso sapatênis azul, com listras de um verde berrante. Indignada ela se levantou e foi pra casa, precisava olhar um belo scarpan antes de dormir.

Com o tempo a brincadeira foi crescendo, crescendo e de repente ela passou a aplicar a técnica do desvendar da personalidade através dos calçados para seus namorados. O Mauro não deu certo por que usava sempre o mesmo tipo de sapato, ou seja, só mudava de cor, exatamente como ele fazia com o relacionamento deles, sempre o mesmo, certinho, metódico, chato, previsível, não, definitivamente ela não estava preparada pra isso. Mário só usava sapatos de couro iguais aos que usava no trabalho e como ela suspeitava, ele só pensava em trabalho, e esses, em geral, são ruins de cama. O Anderson coitado, ele que estava tão apaixonado, pensando em amor a primeira vista e a “mulher dos seus sonhos”, apareceu logo no segundo encontro com um sapatênis azul, liso, sem listras nem nada, mas ainda sim um sapatênis. “Por que você tem de ir? A gente nem fez o pedido ainda.”, “Querido, eu preciso ir pra casa, me em-be-be-dar e esquecer de você.”.Ela definitivamente não tolerava os sapatênis, além de ser feio designermente falando é sinônimo de complicação, ou se é uma coisa ou outra, homens de sapatênis são indecisos e com mal gosto. Pobre coitado, esse se desiludiu com as mulheres e acabou dividindo um apartamento com uma travesti chamada Monique, mas pelo menos ele foi feliz por um bom tempo e nunca guardou mágoas de Aurélia.

Ela de forma alguma era uma mulher fútil – tudo bem ela era um pouco sim – porém, muito mais que fútil, ela era neurótica e a sua neurose era com sapatos, que, convenhamos, é muito mais inofensiva do que ter teorias conspiratórias sobre alienígenas ou o serviço secreto norte americano, que além de tudo é algo deslocado geograficamente. Além disso, ela tinha ciência de sua própria neurose, tinha se tocado dela ainda na adolescência, quando ela e sua melhor amiga trocavam confidências sobre as suas fantasias sexuais. Como boa parte das meninas da sua idade, elas sonhavam com o famoso intruso que chega no seu quarto entrando pela janela. Entretanto, enquanto o da amiga, era um simples e sorrateiro jovem sedutor, que entrava quase como um ladrão qualquer pela sua janela aberta, o de Aurélia já era um homem, que nem tinha conhecimento de sutilezas, na verdade era meio bruto, e entrava no quarto a força, quebrando o trinco e escancarando a janela. De ladrão não teria nada e mesmo que quisesse levar algo não teria bolsos, pois entraria no quarto praticamente nu em pêlo, se não fosse pelo par de coturnos negros, brilhantes. A tomaria a força, bem selvagem, mesmo porque ele não precisaria de carícias para se excitar, já entraria no quarto excitado, ameaçador, viril. Ela de início se faria meio assustada, afinal ainda era um pouco jovem, mas depois se entregaria sem pudor. Quando viu a expressão de espanto no rosto da amiga, percebeu que havia algo de chocante em sua revelação e depois se deu conta da sua predileção pelos homens só de sapatos, eram bem mais úteis assim. Ela já tinha também a sua coleção de sapatos e pôde perceber o quanto este, que para muitos é um acessório, para ela era um item fundamental.

Foi num dia 31, ela não lembra o mês, as lembra que era dia 31, que o inesperado aconteceu. Ela viu um rapaz, com certeza ainda na casa dos vinte anos, passar pelo escritório, usava All Star preto, bem desgastado e meio amarelado, assim como eles têm de ser. Disseram que ele era o novo estagiário. Um dia ela estava batendo com a caneta no seu borrão e olhando para baixo, quando viu um belo par de democratas de couro, imaginou logo que levantando o olhar teria o Gianechinni a sua frente, mas era só o novo estagiário. Os meses foram passando e como não poderia deixar de ser, eles começaram a trocar palavras, fosse na máquina de xerox ou na cafeteira. Nessas ocasiões ela sempre direcionava o olhar um pouco pra baixo, fingindo uma certa timidez, mas com o real intuito de olhar os pés, ou melhor, os sapatos do rapaz. Sempre chegava a duas constatações: Uma, ele está sempre impecável; outra, ele deve ser gay.

Isso foi só mais um motivo para criar um laço de amizade com o rapaz – Vicente, esse era o nome, e ela adorava esse nome. Uma noite, eles foram a uma festa a fantasia, ela não teve pudor algum na hora de se fantasiar. Era a dominatrix clássica, chicotinho, roupa de vinil, máscara borboleta nos olhos, e um belo par de botas de vinil, dificílimas de calçar. Quando chegou, ele foi o primeiro a ir cumprimentá-la, vestido de militar, com boné e até camuflagem no rosto, mas o que a deixou arrepiada de verdade, e o arrepio ficou claro a todos, porque sua roupa deixava muita pele à mostra, era o coturno negro e brilhante, exatamente o mesmo dos seus sonhos adolescentes. Passou o braço pelos ombros dela e a mão em seu braço como se a aquecesse “Você tá linda!” ela respondeu com malícia na voz e no olhar “Vocês também estão” terminando a frase olhando ele de cima pra baixo.


P.S1: Camapanha S&R Letras em favor das letras, por isso nada de reclamar que o texto é grande.

P.S2: A foto é do David Lachapelle, por quem estou perdidamente apaixonada

P.S3: Esqueci de colocar os P.Ss no post passado perceberam? não! ninguém comentou

P.S4: Obrigada coração partido por me fazer, fazer coisas tão legais, putz você é você (parafraseando marido), agora só precisamos é comentar tudo isso tomando o tal do chopp de vinho, vamos marcar, eu, marido, tu, intelectual de estimação e o équicimargina

P.S5: Ei, eu te amo e tô toda orgulhosa de ti...


Monday, January 09, 2006

Perplexa

Essa sem sombra de duvida foi a palavra que veio a mente ao ver três garotas magras, escovadas, bem tratadas conversando no shopping sobre a escolha de uma roupa, meu Deus onde estava o poder argumentativo delas? Elas não sabiam se expressar! Não, não é despeito meu, sou contra achar que toda mulher bonita é burra, até por que me acho linda (bem mais do que modesta), mas sou a favor da teoria de que toda mulher, linda, inteligente, simpática e rica é porca, afinal ninguém pode ser perfeito, por isso mantenho minha conta bancária sempre em baixa em nome da higiene!
Na verdade ao ver aquele trio fiquei pensando em um tema batidérrimo entre eu e o meu intelectual de estimação, que é a ignorância alheia. Sim, depois de ver aquelas três descobri que tenho sim uma certa impaciência nessa questão, pelo simples fato de que gosto de conversar e que se não tem nada dentro o que botar pra fora? Êpa Intelectual, não te anima, eu não sou a favor do bostejamento cultural como tu adoras falar, não gosto de consumir cultura como se tivesse a todo tempo numa gincana onde ganha quem sabe mais, isso de jeito nenhum, cultura é o tijolo que constrói o pensamento, quanto mais tijolos se tem mais se faz. Era exatamente isso que faltava nas três garotas, matéria prima pra discutir uma coisa tão básica quanto a escolha de uma camiseta, elas simplesmente não sabiam explicar por que a amarela de fitinha não era tão boa quanto a vermelha, faltava argumento, vocabulário, faltavam os famosos tijolinhos formadores de pensamentos, aí eu me pergunto como conviver com alguém com uma visão tão limitada do mundo ao seu redor? Como dividir a vida ao lado de alguém que nem ao menos consegue perceber a perplexidade do mundo moderno se nem mesmo pronunciar a palavra a pessoa sabe. Enfim, que me desculpem os honestos e burros, mas inteligência e cultura é fundamental!