Solitário Inconsciente Coletivo

Thursday, August 16, 2007

A mosca que não pousou na sopa de Clarice


Eu estava em volta das quatro paredes a observando, elegante por natureza, nunca descia daquele salto imaginário. Já tinha posto os filhos pra dormir, adorava fazer isso, depois de tanto tempo entre os seus arredores tenho certeza, era a coisa que mais gostava de fazer, cuidar dos filhos, depois disso, o deboche era sua prática preferida.

Quantas vezes a vi sentar delicadamente no sofá, máquina de escrever no colo, cigarro na mão eseus dedos frenéticos entre as teclas com velocidade e ritmo, parava um pouco, tragava, ria, continuava. No final da página, sempre uma gargalhada, do tipo deusa do cinema, em preto e branco usando Dior. E Eu? ficava ali no canto, vendo essa repetição: levanta, bebe alguma coisa, volta, escreve e ri.

Um dia ela não agüentou, estava sozinha, já era tarde e acho que resolveu falar, mal sabia que eu estava ali, no cantinho da sala, pregada no teto como sempre, admirando aquela mulher, ouvi uma vez alguém falar que a gente morre e volta outra coisa, eu adorei isso, e da próxima vez, vou ser ela.

Suas frases eram pausadas, voz baixa, rouca. Cheguei mais perto pra escutar tudo, não muito, o suficiente para não incomodar, exatamente na fronteira entre os nossos mundos, ela não permitiria que avançasse além desses limites, nem eu, nem ninguém. Então ouvi entre uma gargalhada e outra algo como:

___ Imagino a cara deles tentando dar um início, um meio e o fim pra tudo isso. Gargalhadas. Adoro saber que as pessoas acham que tudo é repleto de subjetividade. Gargalhadas. Ah! se eles soubessem que escrevo pra me manter viva, porque a risada é o combustível da alma e cada vez que escrevo essas coisas e imagino o quanto de tempo eles perdem fingindo entender não tenho como manter a seriedade. Gargalhadas, gargalhadas e mais gargalhadas.

Era isso, o resumo era tão simples ela era uma mulher inteligente o suficiente pra descobrir uma nova forma de se divertir, o deboche dos intelectuais, essa era a sua prática esportiva. Mas óbvio, não conseguiria fazer as coisas como qualquer mortal, ela não era qualquer mortal, era minha representação de perfeição, linda, profunda, elegante e mãe dedicada. A única coisa que me deixa puta, é que fiquei anos a observando no canto da sala, estudei cada movimento dessa criatura brilhante, e no final das contas essa vaca escreve um livro inteiro sobre o encontro dela com uma barata!


Texto da Semana

A arte é só a forma em movimento.

by Sic (durante um sonho onde eu discutia existência e arte com um japa chatézimo... acordei com esse texto na cabeça e passei o dia pensando nele)



P.Siu1: PRÓXIMO POST SÓ EM SETEMBRO! Vou viajar a trabalho e ficarei todo esse tempo longe, o que eu vou fazer? Mapear o Paleozóico no noroeste do estado do Pará, ou seja, procurar pedra velha lá onde judas perdeu as botas.

P.Siu2: Bem, a teoria de que a Clarice Lispector não passa de uma debochada não é minha, é do Alê kkkkkkkkkk Ele sempre solta uma pérola que é “Eu só gosto da Clarice Lispector filtrada pelos teus olhos, acho que ela era mulher inteligentíssima e super debochada, escrevia coisas sem pé nem cabeça de propósito”. Eu não concordo com ele, mas enfim, sabemos porque, ele é realista e eu modernista, paciência e viva a diferença!


P.Siu3: Campanha auto-estima esperança, doe um elogio, declarações de amor e saudade pra essa que vos escreve e assim quando eu voltar vou me sentir uma pessoa infinitamente melhor do que sou. Ah! e vocês ainda podem descontar isso como contribuição no imposto de renda divino, pros que acreditam, pros que não acreditam eu pago com comida.

P.Siu4: Vou morrer de saudades, da minha casa, dos meus filhos (nunca ficamos tanto tempo longe), do meu marido (esse sempre me abandona kkkkkkk) e dos meus amigos (eles me abandonam eventualmente kkkkkkkk). DRAAAAAAAAAMA.

P.Siu5: Trilha do post? Girlfriend – Avril Lavigne & Lil Mama. Por que nem só do essencial vive o homem, e eu adoro a parte do “Oh In a second/I'll have you wrapped around my finger/Cause I can/Cause I can do it BETTER/There's no other…”

Thursday, August 09, 2007

Enquanto isso no camarim...

___Não me entendo e ajo como se me entendesse, mas não tem babado, não se perde por não entender, e além do que, não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.

___ Quando tu vais parar com essa mania uó de citar Clarisse Lispector como se o texto fosse teu?Ô bicha imitona, passa logo o rímel que eu quero fazer minha sobrancelha.

___ Eu só queria ser profunda nesse momento, estraga prazer, tu e essa tua mania de ser profundamente superficial.

___Então bicha vais te montar ou não? senão, te monta no Sartre e toma teu rumo, bem longe da frente do espelho!



Texto da semana

“Tentando seguir o "curso natural das coisas", ou seja, tentando aceitar o que os dias me trazem sem esperar que cada hora tenha sua parcela de excitação e movimento, ando me decepcionando menos e descobrindo mais...”


By Léo (http://confent.weblogger.terra.com.br/), doce companhia das esquinas cibernéticas. Próximo passo, MSN! Uiiiiiiiiiiiiii MÊ-DA.


P.Siu1: Eu estava morrendo de saudades de frescar, porque tem gente que nasceu para bailar, gente que nasceu para mandar, mas eu? eu nasci para frescar!

P.Siu2: Por falar em amigos cibernéticos, MSN e tals .... saudade do ChicTito e nossos momentos de descobrimento de universos paralelos (cada um descobre o seu). Ah! o post é pra ele.

P.Siu3: Trilha do post? Kelly, watch the stars! – Air (Ai Kelly não te envolve, porque o sol é que nasce para todos, as estrelas brilham exclusivamente para uma certa pessoa)

Monday, August 06, 2007

Temporada Alice (Cabô)


Tu dizes que eu mereço coisa melhor e eu te digo que não há nada melhor no mundo do que estar ao lado de quem a gente quer.


Texto da semana

CATÁSTROFE

O amor nos deixa doente, fora do juízo, nos faz fugir de casa, renegar nossos pais, nossos amigos, nossos velhos amores; o amor nos obriga a abrir conta conjunta e faz a limpa no dia seguinte; nos faz assinar uma procuração em branco, transfere todos os nossos bens para o seu nome e ainda nos convence de que nunca estivemos tão bem nem tão felizes. O amor é um homem sem compostura que acha que pode tudo. Devia ser preso o amor.

Ivana Arruda Leite (Quero escrever que nem ela quando eu crescer)




P.Siu1: O aniversário do Nicodemos foi um sucesso, e estou devendo um post pro papai dele :D

P.Siu2: Ocupada, só pra variar...

P.Siu3: Temporada Alice chega ao fim...ACORDA ALICE

P.siu4: Trilha do post? Like someone in love - Bjork