Solitário Inconsciente Coletivo

Friday, November 18, 2005

De onde saiu esse virão muitos mais, com vocês S&R Letras

Tudo parecia muito natural naquela cidade, que não se sabe até hoje por que não está inclusa no mapa, mas aqueles 658 habitantes estavam de uma forma ou de outra inclusos no mundo e no trajeto daquele ônibus. Bem, do ônibus falaremos depois, por enquanto pra que o causo seja bem entendido é preciso explicar o que na verdade o que era a cidade de São José do Passo Curto, na verdade que o nome de batismo da cidade era passo firme, mas o passo curto foi incluído por que só com ele chegava-se pelo menos em dois minutos de um canto a outro da cidade.

Como toda cidade do interior do interior do Brasil, tinha um campo de futebol, uma igreja católica vazia, uma evangélica lotada, uma mercearia onde o dono era o ser de maior posse monetária do local, um posto de saúde vazio, uma fofoqueira, uma solteirona, uma professora bonitinha cantada por todos os marmanjos solteiros da cidade, muita criança, muito cachorro, muita galinha. Na verdade essa foi sempre uma dúvida, de onde vem os cachorros e as galinhas que habitam o interior? Se fossem inclusos no senso populacional triplicariam o número de habitantes.

Tudo parecia normal naquele domingo, todos os homens da cidade já haviam se reunido na frente do boteco, estrategicamente de frente pro campo, estrategicamente de frente pras igrejas, assim todos poderiam vigiar todos, a mulher vigia o marido, o marido vigia a criança e o dono da mercearia olha todo mundo e a fofoqueira não só olha como comenta. Mas aí a novidade veio dar, não na praia como cantou Gil em alguma canção, mas na praça, estrategicamente ao lado do campo, e das igrejas.
Um ônibus colorido por fora e por dentro, flores por todos os lados, nas cortinas das ultimas janelas, que forma mais extravagante de se ter privacidade? Além de tudo isso, “vou de táxi” no ultimo volume com a perfeita interpretação de Angélica no tempo em que era virgem e dizia que só dava depois de casar, bem antes de se envolver com o Mattar. A coisa florida, colorida e barulhenta fez interromper a partida de futebol, um alívio pros “Do lado esquerdo” que estavam perdendo de 5X2 pros “Do lado direito”, o padre nem chegou a colocar a hóstia na boca da beata que já estava de olhos fechados e boca aberta, o pastor calou e correu pra ver o que havia sido aquela intervenção no “vocês sabem como é que se vai pro inferno?” e lá de fora vem em alto e bom som a resposta esganiçada “vou de táxi, cê sabe...”.

Os habitantes foram para o centro da praça e de lá do ônibus colorido saem moças feias, mas maquiadas, na verdade muito maquiadas, na verdade muito, muito, muito maquiadas, sombras verdes, purpurina, batom vermelho sangue, rodas rosadas na bochecha, cabelos presos, perucas, maiôs coloridos, meias arrastão, sapatilhas douradas, confetes feitos de jornal, a música e um homem de cartola chega mostrando sua mercadoria, “As entregadoras de diversão” eram assim chamadas aquelas mulheres cheias de celulite, peitos caídos e algumas sem dentes. Segundo ele eram capazes de fazer qualquer um sorrir, da criança ao velho todos seriam contemplados com a diversão que elas haveriam de dispor. No começo as mulheres da cidade ficaram de nariz torcido, mas nada que os números de contorcionismo e malabarismo ao som de Wando e o seu “Você é luz e raio estrela e luar...”, pudesse resolver. Uma coisa a fofoqueira percebeu, um circo sem palhaço? Sem animal? Um cachorro se quer pra pular entre um aro, nada, só mulheres, elas faziam meia dúzias de apresentações e pronto, esse era o circo e essa era a diversão que o apresentador prometia? Muito estranho.

Quando deram oito horas da noite e apenas os homens encontravam-se no boteco, comentando do acontecimento daquela tarde que se tornaria o acontecimento do ano. Chega o apresentador, já sem a sua cartola, com uma blusa estampada, calça branca de vinco e um sapato branco bico fino, e disse: “Bem meus amigos, vocês não acharam que a diversão a que me tratei naquele momento, era apenas aquilo? Acharam? Pois se acharam vão se surpreender ao acharem a verdadeira diversão que eu trouxe para esta localidade” vira para um baixinho, careca bigodudo e pergunta “Que localidade é essa mesmo?” e ele baixinho assim como sua altura responde “São José do Passo Curto” e ele continua “Pois bem, homens moradores do São José do Passo Curto, entrem no ônibus para ver o que é diversão”.

O ônibus era iluminado por lâmpadas incandescentes. A luz amarelada sempre faz tudo parecer mais bonito do que realmente é, e nesse caso isso fazia uma diferença absurda, mesmo porque as sombras conseguiam esconder uma boa parte dos dentes faltosos, e as vilosidades das celulites. Magicamente, aquilo parecia o céu, que podia ser conseguindo bem mais barato do que com os constantes dízimos para o pastor. As mesmas mulheres cheias de celulite, sem dentes, marcadas pelo tempo, maquiadas, muito, muito, muito, maquiadas estavam lá, só que dessa vez vestiam lingerie no lugar de maiôs coloridos e se exibiam ao som de “Meu sangue ferve por você” do Sidney Magal.

O homem de camisa estampada começou a andar com o ônibus, os homens começaram a consumir álcool, inclusive o dono da mercearia, muito disputado e como tinha mais dinheiro ficou com a única que possuía 32 dentes. O pastor poderia ser encontrado bem ao fundo do ônibus, escondido por um ramalhete enorme de margaridas lilás de plásticos, para que ninguém o visse, porque o sortudo, não ficou com a mulher com a arcada dentária mais completa, mas conseguiu a mais nova. Ela lembrava vagamente suas alunas, das aulas sobre a bíblia, as quais ele fervorosamente tinha a vontade de colocar as mãos por entre as pernas.

Outro homem realizado dentro do ônibus, era o jovem sacristão, cujo único contato com sexo havia sido durante as aulas de catecismo, onde gentilmente o padre havia lhe mostrado como ele deveria agir no dia de sua primeira noite com sua futura esposa. Este, que não se sabe se foi por inocência ou malícia, deixou escapar sua condição de moço virgem e foi prontamente atendido por duas das mais voluptuosas participantes daquele circo dos prazeres. Elas lhe exigiram que ficasse deitado enquanto elas lhes mostravam todas as partes do corpo feminino, todas as suas curvas e como ele poderia usar sua masculinidade para satisfazer sua futura esposa. Assim, ele teria mais uma vez experiências didáticas sobre sexo, tudo isso para o bem de sua futura e sexualmente satisfeita esposa.

E tudo isso podia ser conseguido com alguns míseros reais que suas esposas nem ao menos sentiriam falta. O condutor levou o ônibus para uma parte da caatinga, onde ele estacionou. Aqueles que se sentiam confortáveis o suficiente para levar a festa pra fora do ônibus, o fizeram. Algumas caixas de som foram colocadas para fora, para que todos aproveitassem o rei do romantismo, Amado Batista, embalar os amantes. O sacristão, que encarava tudo como uma experiência didática, aceitou o convite de suas professoras, para experimentar os prazeres do sexo sobre uma belíssima lua cheia.

O dono da mercearia e o prefeito da cidade quiseram relembrar seus tempos de jovens, quando agarravam suas assanhadas namoradinhas, e atuais esposas, na caatinga logo após a missa. O vinho era de má qualidade, mas fazia efeito rápido e era abundante. Todos já estavam embriagados e suados. A caatinga começava a exalar o cheiro de sexo e até os animais próximos seguiam os exemplo dos moradores. Os sons dos animais já se confundiam com os gemidos de prazer e as risadas satisfeitas, daquelas santas mulheres, que vieram ao resgate de São José do Passo Curto, que estava condenada a morrer de desgosto de si mesma.

Na cidade, a situação era outra. Algumas das mulheres já estranhavam o atraso dos seus respectivos maridos, as que não os tinham também percebiam o atraso do marido das que tinham, algumas outras sentiam falta dos maridos das primeiras, pois estes deveriam ter ido vê-las. Houve uma comoção geral, quando algumas delas resolveram ir ao bar local e encontraram-no aberto e vazio, nem mesmo o dono e o único garçom estavam lá.

O que teria acontecido aos homens? Uma delas percebeu a falta do ônibus das mesalinas, e por isso sentiu-se muito mais inteligente do que as outras, logo decidiu lidera-las. As mulheres da cidade, em fúria, armaram-se para ir resgatar seus maridos, das garras daquelas mulheres satânicas. Quebraram cadeiras do bar para usar suas pernas, fizeram tochas, algumas pegaram ancinhos. Tudo para poder restaurar a paz em sua cidade e em seus lares.

Na caatinga, os homens eram levados sempre a gastar um pouco mais em bebidas, cada gole fazia com que tudo fosse mais mágico e ainda mais prazeroso. O sacristão deu um verdadeiro urro, quando conseguiu chegar ao êxtase pela primeira vez. O pastor, que havia ficado no ônibus, explorava agora os glúteos da sua “jovem” parceira, o ramalhete de flores de plástico a muito havia caído e nada cobria seu rosto, mas ele já nem pensava mais nisso, precisava desesperadamente acabar com todas as suas fantasias ali, para que pudesse voltar a cidade e continuar levando sua vida e suas aulas. O prefeito trocava beijos ardentes com a sua “parceira”, beijava com vontade. O dinheiro da maioria dos homens já havia terminado, mas isso já nem fazia mais diferença. Por que não há dinheiro que pague uma noite inesquecível...

P.S: Não vai rolar pin up dessa vez, por que isso é um trabalho feito a quatro! e não estou falando de posição, estou falando do número de mãos. Esse é o conto que eu e o Rapahel (coração quebrado) escrevemos numa dessas loucas inspirações virtuais. Foi um prazer indescritível fazer parceria com esse menino, ele vive dizendo que não faz nada, tá doido, ó o tamanho do que nós fizemos! Por isso decidimos criar uma fábrica de contos chamada S&R Letras que terá como vitrine nossos blogs, por que fazer isso? Por que decidi não ser egoísta e dividir o prazer da companhia do Rafa com todo mundo (virtual).
P.S2: Marido, quero ver o senhor ler tudo isso, espero que leia, só pra descobrir aqui no finalzinho um eu te amo seu bobo.
P.S3: Intelectual de estimação, não me dê uma bronca por que o texto tá grande, s não se esqueça que eu estou lendo todo o On the road por você!

5 Comments:

At 10:11 AM, Blogger Blue Boy and the Gray World said...

Fiquei muito feliz de ter participação nesse texto, pricipalmente porque ele foi postado no blog mais legal do mundo XD Pra quem estiver preocupado com o tamanho, deixe d epreguiça e leia, prometmos que só vamos fazer algo assim uma vez por mês :D Beijão Minha Linda

 
At 1:02 PM, Anonymous Anonymous said...

Q texto enorme Susuia. Suiei para lê-lo todo, mas já que vc está lendo o On the Road, eu dou um desconto.
A propósito, senti uma transferência nessa trilha sonora, além de um grande deja vú (como se eu já tivesse lido esse texto, aqui nesse lugar, feito por ti e pelo Rafa). Outra coisa é que ele é tremendamente bom. Quero o resto do texto, para saber se vai acabar num lance meio Sin City...kkkkk
Ah, vamos montar a campanha Eu Odeio a Ana carolina.
:D
Bjos...

 
At 6:09 AM, Anonymous Anonymous said...

Sei que não tem nada a ver com o texto, mas só te digo que descobri um Jamburguer que vais adorar e o melhor, em um lugar bem bacana.
Beijinhos Susuia

 
At 5:57 AM, Blogger Antó said...

Uffa depois de três meses consegui acabar de ler esta biblia hehehe quanta pouca vergonha hein! e a trilha sonoraaa hehehe divertido o texto onde compra a bebida?

 
At 10:00 AM, Anonymous Anonymous said...

sumidas!
=]
textaço, hein!
mto bom, como d costume.
XD~


t cuida!
=)



*=)


v c n some, cao!

 

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