Uma página roubada do diário de Cecília

Tu dizes que acredita no amor, eu finjo que estou escutando essa frase pela primeira vez e até invento um olhar cheio de lágrimas, sim, eu consigo encher meus olhos de lágrimas, mas elas nunca caem, por que jamais deixo a pessoa se ver refletida nas minhas lágrimas, eu sei que isso é suficiente pra que nunca mais ela seja a mesma.
Tu dizes que quer, que aceita, que vale a pena e mais uma vez todo esse discurso cheira como dejavú, erro na matrix? Destino? Eu diria, variações do mesmo tom. Tenho medo, medo de aceitar, de me jogar de novo, essa piscina é tão azul e parece com tantas outras que eu já me joguei e algumas vezes nadei bastante, outras boiei um pouquinho e outras me levaram direto pro fundo. O que fazer quando te cresce o medo de ter no presente o retrato do passado? Ninguém é igual a ninguém? Histórias são diferentes? Podem até ser, mas o fim parece que nunca muda, sempre eu machucada...meu coração manco quer uma bengala e não outra rasteira.
Vale a pena sentir medo? Vale a pena enfiar o dedo na tomada mesmo sabendo que ali vai dar choque? Nunca pensei que alguém passional pudesse ter esse tipo de pensamentos, agora estou com medo dessa mulher que grita CUIDADO! Dentro de mim, ela nasceu quando? Essa voz é nova e me soa até desconhecida, essa coisa que poda todos os ramos dessa árvore que ainda quer nascer, ela grita, esse frutos são podres! Desista!
Não sei o que fazer, não sei se devo ou mereço aceitar o que tens a me dar, não sei se mereces a tristeza de viver um amor solitário, estou com medo, não sei se mereces meu medo, as pessoas não são iguais (sempre usas isso com justificativa, e eu acho muito louvável) eu sei, mas eu ainda sou a mesma apesar de tudo e da feita que resolver pular nessa piscina, subo no trampolin da vida e me jogo de cabeça...